NOSSA REVERÊNCIA A MESTRE ZINHO

Por Rosiane Pedrosa (Economista e Produtora Cultural)

Nascido em 03 de janeiro de 1947, estaria completando,  75 anos, ontem, 03 de janeiro, se não tivesse partido, em 31 de janeiro de 2010, tão apressadamente, fora do combinado, nosso querido e grande representante do forró e da Música Popular Nordestina, Erivan Alves de Almeida, popularmente conhecido como Mestre Zinho.

Zinho era, de fato, um verdadeiro Mestre na arte de cantar e encantar todos os públicos, pois Erivan Alves, apesar de ter se aventurado em outras profissões, como sapateiro, alfaiate, relojoeiro. antes de se tornar forrozeiro, tendo sido, inclusive, no início da carreira de cantor,  puxador de samba enredo da escola de samba Unidos do Poço, foi no forró que Zinho realmente se encontrou, para felicidade de todos nós, forrozeiros.

Zinho adentrou no universo do forró, quando formou um grupo denominado  Cangaço Nordestino, que não teve grande repercussão,  fato que só veio ocorrer na década de 1980, quando  passou a participar do grupo denominado Os 3 do Nordeste, trio de forró na época em grande evidência,  formado por Parafuso, zabumbeiro Zé Pacheco, Sanfoneiro e Cacau, cantor.  Nessa época o cantor do referido grupo, Cacau, saiu do trio, e nessa oportunidade, o radialista e forrozeiro Romildo Freitas, que era amigo de infância de Parafuso, indicou Zinho para substituir Cacau. A partir daí o nome de Zinho desponta no cenário nacional, gravando, com Os 3 do Nordeste, sete LPs  com  grandes sucessos, que até hoje são obrigatórios de qualquer forró, a exemplo de “Amor com café” (Cecéu), “Forró de Tamanco” (Antônio Barros), “Osso duro de roer” (Zinho / Aloísio Silva / Parafuso) e “Da boca pra fora” (Cecéu), entre outros.

Em 1988, Zinho deixou o Trio Os 3 do Nordeste passando a seguir carreira solo. Nesse ano, lançou o LP “Murro em ponta de faca”, que contou com as participações especiais de Luiz Gonzaga, Dominguinhos e Amelinha. Também no mesmo ano, fez participação especial no LP “Fruto”, lançado por Elba Ramalho, interpretando a faixa “Agora é sua vez”

Considerado por Luiz Gonzaga, como o melhor cantor de forró, depois dele mesmo e de Lindú, já falecido, que havia sido vocalista do Trio Nordestino, Zinho era realmente Mestre, na arte de cantar e interpretar, como poucos, toda energia que vem desse super gênero musical, que é o forró.

Entretanto, a possibilidade de reconhecimento nacional, que apontava para nosso Mestre, foi interrompida, por diversas problemas de saúde que iniciaram em 2006, quando descobriu um câncer de próstata, que foi superado por meio de uma cirurgia, entretanto em 2008, apresentou dificuldades cardiorespiratórias, necessitando ser submetido a uma cirurgia cardíaca e ainda em 2008 sofreu uma paralisia facial.

Contudo, apesar de todos esses problemas de saúde, Mestre Zinho continuou apresentando seus shows, tendo sido em Maceió, em outubro de 2009, na casa de show “Forró do Cortiço”, onde se apresentou, pela última vez, no Estado de Alagoas, meses antes, em junho de 2009, Zinho havia participado dos Festejos Juninos do Município alagoano de Porto Real do Colégio, que à época era administrado por Dr. Eraldo Cavalcante, grande incentivador do forró e da cultura alagoana e nordestina.

Grande Mestre Zinho, mestre nas artes de cantar, compor e interpretar, como poucos,  o sentimento do Nordeste e dos nordestinos, com  sexualidade, energia e muita alegria, componentes que fazem o diferencial de todos os ritmos que compões  o forró, hoje, Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil.

Mestre Zinho, alagoano de Rio Largo, eternizado por sua obra, no coração de toda nação forrozeira, seu lugar entre aqueles que ajudaram a escrever a história do forró, haverá de ser, para sempre, preservado, pelo orgulho  que temos de tê-lo como uma das maiores referências da Música Popular Nordestina.

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