Colaboração: Eraldo Cavalcante – doado para o acervo do site: www.forroalagoano.com. Conversão para mp3 José Lessa e Texto Eraldo Cavalcante
MANDIOCADA
A “farinhada” na vida do nordestino é tão esperada quanto a chuva que garante a safra e o sustento. É, depois da lavra da roça, o trabalho mais comum. Como toda atividade, a diversidade cultural imprime uma rotina própria a cada região, no tocante a farinha, começa pelos tipos: quebradinha, gomada, grossa, fina, amarelinha, azeda, etc. Quem imagina que farinha azeda não é valiosa, engana-se, pois na região ribeirinha do Baixo São Francisco é muita bem apreciada, acompanhada de um petisco ou de um peixe. Não é difícil ouvir-se ao se dirigir a um vendedor de farinha da região, a pergunta: doce ou azeda? Outros fatores como o manejo, transporte, pouco difere das outras regiões, no entanto nós batizamos por unanimidade a “farra” mais conhecida de farinhada, como mandiocada, mais precisamente à região de Porto Real do Colégio (AL) e que é emitida com o som nasalado, transformando-se em mãedocada”.
Na vida do Nordestino o que é trabalho as vezes termina em festa, e não poderia ser diferente com a mandiocada, regada a muita cachaça, impulsionando não só caititu e a prensa como também o imaginário das pessoas com suas cantigas versadas para a ocasião.
Nas redondezas o convite para o trabalho transforma-se em obrigação para os vizinhos, amigos e compadres, retratando assim a solidariedade, tão comum aos nordestinos. Talvez os momentos de descontrações com muitas lorotas, conversa jogada fora e as cantorias, sejam mais gratificantes que o valor comercial do produto final.
A farra da mandiocada sem dúvida registra a importância e o apreço pelo alimento mais popular do Nordeste. Ao final da jornada retornam todos as suas casas levando um salamim* de farinha como prêmio além da esperança que é do tamanho da nossa vontade de um dia as coisas da roça teremos seu devido valor.
Após as considerações sobre a farinhada e “sua excelência, a farinha”, apresento o singelo canto destas senhoras, recheado de lirismo, coisas do cotidiano e não faltando o amor, retratando seus logros e desventuras, suplantando assim as adversidades de forma alegre e descontraída.
Com vocês as mulheres cantadeiras das mandiocada de Porto Real do Colégio, Alagoas.
* Salamim: medida de volume de origem inglesa bastante citada na região, correspondendo aproximadamente a 9 litros.
Mulheres de Porto Real do Colégio – O Canto das Farinhadas
SERVESTUDIO
01. A Mandioca se acabou (DP)
02. Andorinha (DP)
03. Balança o Pé roseira (DP)
04. Quero Beber (DP)
05. Coqueiro Seco (DP)
06. Leva eu Saudade (DP)
07. Lili eu Tenho Amor (DP)
08. Varanda (DP)
09. Minha Espingarda (DP)
10. Piau Nadando (DP)
11. O Cacau é Boa Lavra (DP)
12. Sindolelê Sindolalá (DP)
13. Tiro – Liro – Liro (DP)
14. Adeus Casa de Farinha (DP)
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