Foto: Karol Lessa (www.forroalagoano.com.br)
De repente, fora da hora combinada, que seria lá em dois mil e não sem quando, partiu nosso Mestre Forrozeiro, José Lessa, e num último suspiro , sem dizer adeus, nos deixou fisicamente, não mais o veremos correndo de uma Secretaria de Cultura para outra, cheio de projetos na pasta, sempre em prol da cultura popular, em especial do Forró e dos Forrozeiros.
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Foto: Karol Lessa (www.forroalagoano.com.br)
Irrequieto, dinâmico, Lessa durante muitos anos, foi militante político, sempre engajado na luta em defesa das causas populares. Com grande capacidade de organização, também militava no movimento social, fundou , em 1982, a Associação dos Moradores do Bairro do Feitosa, onde realizou quadrilhas juninas históricas, sempre ao som de um Trio de Forró, que amanhecia o dia, acordando a vizinhança com ao som do forró. Criou ainda, na Associação dos Moradores do Bairro do Feiosa, grupos de folguedos populares, a exemplo do Reisado, que na época contou com a orientação de outro grande Mestre, Professor Pedro Teixeira, além de grupo de Coco de Roda, Pastoril e Taieira, foi nessa época que conheceu Sandoval do Forró, que se tornou seu amigo irmão e juntos, em 2012, fundaram a Associação dos Forrozeiros de Alagoas – ASFORRAL.
José Lessa e Sandoval do Forró. Foto: Karol Lessa. www.forroalagoano.com.br
Desde o final da década de 1990, José Lessa vinha se dedicando a pesquisa sobre o forró alagoano e em 2010 criou o site www.forroalagoano.com.br, uma verdadeira enciclopédia virtual do forro alagoano, passando a dedicar sua energia a pesquisa sobre a cultura popular, em especial o forró.
Foto: Karol Lessa (www.forroalagoano.com.br)
Com sua partida, não mais o veremos nos salões, dançando forró, prazer pelo qual superou o trauma da amputação, em 2014, de parte de um membro inferior, lembro ainda quando o médico cirurgião vascular veio, com todo cuidado, comunicar a necessidade de realizar a amputação, a primeira coisa que José Lessa perguntou foi se havia uma prótese que lhe permitisse dançar, o médico, rindo, então lhe respondeu que sim, só dependia dele, e com 08 (seis) meses de amputado, Lessa estava em Arapiraca, no Projeto Cultura na Praça, dançando Forró.
José Lessa, no Projeto Cultura na Praça, no Município de Arapiraca/AL
Pessoalmente, mais que o pai de minhas duas filhas, perdi meu companheiro de vida e de lutas, meu melhor amigo, meu irmão, com o qual partilhei 42 anos de vida. A comunidade forrozeira perdeu um grande comandante, aquele que era o primeiro na fila dos combatentes, aquele que, com coragem, valentia e firmeza de pensamento defendia o forró, não apenas como um gênero musical, mas como um elemento fundamental da identidade alagoana e nordestina.
Foto: Karol Lessa (www.forroalagoano.com.br)
Obrigada camarada José Lessa, meu parceiro, por tudo que você ensinou, a mim e as nossas filhas, sobre superação, honestidade, respeito e dignidade. Estaremos juntos, para sempre, através de suas lembranças e ensinamentos. Seu legado permanecerá vivo, para essa e para as próximas gerações, e como sua aprendiz vou trabalhar para concluir o livro que tanto sonhou editar e partilhar seus conhecimentos, pois tudo que você construiu em prol da cultural popular e do forró não pode e nem deve se dissipar na poeira do tempo, em respeito à você, as suas ideias, aos seus ideais, a cultura popular alagoana e nordestina.
Para sempre guerreiro ! Meu amor, minhas saudades !