Reportagem  publicada na Gazeta de Alagoas
em 28 de outubro de 1998  que nos foi enviada
pelo Colaborador  o médico, poeta e compositor
Marcondes Costa

Um dos maiores compositores alagoanos, Luiz Wanderley, morto há cerca de 5 anos, tem sua obra resgatada através de pesquisa de Marcondes Costa.

É possível contar nos dedos os que já ouviram falar de um dos maiores compositores da história da música alagoana, o também comediante e cantor Luiz Wan-derley, nascido na cidade de Colónia Leopoídina, município localizado na zona da mata da terra dos marechais. E a situação não mudou nem mesmo com a sua morte, há cinco anos. Boémio inveterado, Luiz Wanderley tirava da boémia, em seu estado mais puro, a inspiração para criar, para colocar em forma de música a impressão retida do cotidiano dos brasileiros, do nordestino, da rica cultura popular espalhada pelo país afora.

 

Esquecido pela própria terra natal, Luiz Wanderley faleceu e ninguém por aqui ao menos ficou sabendo, a não ser um apaixonado pela música popular brasileira, o colecionador de discos, psiquiatra, psicoterapeutá, poeta e compositor Marcondes Costa. Natural de Viçosa, Marcondes tem um conhecimento praticamente inigualável a respeito da produção musical do Brasil, mais especificamente de Alagoas, até porque dedica grande parte de sua vida ao estudo do género sonoro originário destas paragens.

   

Ofício de colecionador 

Os números que compõem a coleção de discos de Marcondes são qualquer coisa de impressionante. São mais de 1.500 CDs e cerca de 4.000 discos de vinil, entre LPs convecionais (hoje em dia chamados de “bolachas”) e LPs de 10 polegadas. Com relação à quantidade de compactos que possui, ele não sabe precisar ao certo quantos já contabiliza nesses anos todos em que se dedica ao ofício de olecionador. E a paixão pela música não pára por aí. Aficcionado pelas mais diversas sonoridades desde criança, Marcondes Costa já gravou com o “Rei do Baião” Luiz Gonzaga, além de ter colocado uma de suas canções na novela Meu Pé de Laranja Lima. Entre seus parceiros musicais estão Claudionor Germano e o Grupo Terra, entre outros.

Afastado há cerca de quinze anos das atividades musicais (não do ofício de compor, que ele ainda exerce com dedicação), Marcondes Costa tem uma admiração especial pelo alagoano Luiz Wanderley, com quem conviveu quando ainda tinha seus 17 anos de idade. E é graças a essa admiração que os conterrâneos do compositor, comediante e cantor podem ficar conhecendo um pouco mais do trabalho de Wanderley, que durante algum tempo trabalhou também como alfaiate.

Relações musicais

Entre os nomes com quem Luiz Wanderley manteve relações musicais estão nomes como Tim  Maia, Trio Irakitan, João Nogueira, Beth Carvalho, Valdick Soriano, Ari Monteiro, Adilson Ramos, Anísio Silva, Luiz Gonzaga e Wilson Batista, enfim, uma lista interminável. Seu primeiro sucesso data de 1959, que aconteceu em função da música Baiano Burro Nasce Morto, que nem de sua autoria era, mas sim do compositor Gordurinha. Como se vê, o talento de Wanderley não tinha fronteiras, pois até como intérprete ele era aplaudido.

Citado em vários livros que tratam da história da música brasileira – as publicações Rock Brasileiro, de Albert Pavão (Editora Edicon) e O Carnaval Carioca Através da Música, de Edigar de Alencar (Francisco Alves Editora) são alguns exemplo e apesar de não ter feito sucesso por aqui, não passou desapercebido pelo restante do Brasil. No Rio de Janeiro, por sinal, ganhou um concurso de música de carnaval no início dos anos 60,  com a composição Praia do Flamengo (“Adeus Praia do Flamengo/ Só a saudade ficou no lugar/ Adeus Flamengo/ O prefeito mandou aterrar”).

Vítima de cirrose hepática, Luiz Wanderley faleceu há cinco anos, no interior da Paraíba. Impossível de ser desfeita, a injustiça cometida pelos conterrâneos do artista contra um talento de inigualável valor é irremediável. Mesmo assim, é possível lembrar. Lembrar e lamentar.

 Luiz Wanderley: cantor, compositor, comediante e compositor alagoano já fez parceria com grandes nomes da música popular brasileira, a exemplo de Ari Monteiro, João do Vale, Wilson Batista, João Nogueira, Tim Maia, /Trio Irakitan, Beth Carvalho, Adilson /Ramos e Waldick Soriano.

Com canções  gravadas por gente como Cássia Eller e Geraldo Azevedo, Luiz Wanderley é um dos grandes nomes da MPB, como explica as paoavras do colecionador Marcondes Costa:  “Ele é um grande injustiçado, um talento que viveu e morreu esquecido pelas pessoas de sua terra natal”

 

Baiaqno Burro Nasce Morto

“O pau que nasce tornto
Não tem jeito morre torno
Baino burro
Garanto que nasce morto”!

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