Na década de 80 os 3 do Nordeste fazia sucesso e eu como apaixonado por forró, curtia as músicas do grupo e ouvia comentários sobre Zinho, que era o vocalista.
Após sofrer um acidente de carro no município de Boca da Mata, Zinho saiu dos 3 do Nordeste e iniciou sua carreira solo em Maceió. Montou sua própria banda e passou a ser apresentado como Zinho e Banda Girassol. Eu como fã passei a frequentar os seus shows e no ano de 1990, tive o prazer em conhecê-lo. No ano de 1991 fui contrato junto com minha esposa Gerusa, “Casal 20” para fazer parte dos shows de Zinho, exatamente para fazer o que mais gosto, que é dançar forro. A partir daí surgiu uma grande amizade entre o Casal 20 e Zinho. Tive a oportunidade de vivenciar o seu primeiro grande sucesso, que foi com a música “De documento na mão”. Participei do grupo até 1993, quando precisei me afastar para me dedicar ao meu trabalho, mas mantivemos a mesma amizade.
Em 1995 eu fiz a minha primeira poesia e mostrei ao Mestre Zinho. Ele gostou, colocou melodia e comentou: Você leva jeito, continue fazendo. Até então eu não era compositor e recebi o elogio como incentivo para continuar compondo. Quando completei 40 letras, me desloquei até a sua residência e mostrei o trabalho. Ele leu, cantarolou e comentou secamente: Eudes… quando você fizer 100 letras, talvez uma fique boa e eu possa gravar. Sai da casa dele decepcionado. Fiquei pensando: Fiz tanta coisa boa e o Mestre não gostou de umazinha sequer. Pelo fato de sermos amigos, eu imaginava que ele iria gravar algumas das minhas letras, porém, eu havia me enganado. No dia seguinte, mais conformado, dei razão ao Mestre. Eu teria que ter feito melhor e resolvi queimar minhas pestanas, para que se um dia ele gravasse, seria por merecimento, e não por amizade. Quando completei 68 letras, voltei a casa dele e pedi a sua opinião. Ele examinou o trabalho e rasgou elogios. Daí então iniciou uma parceria que deu certo. No ano de 1996 ele gravou oito musicas, em 1997 foram 10, em 1998 foram quatro, em 1999 foram dois e em 2000 gravou quatro. Foram vinte e oito músicas. Outras músicas em parceria com ele foram gravadas por outros forrozeiros.
Durante todos esses anos de amizade e parceria com o Mestre Zinho, muito aprendi. Ele foi o meu maior incentivador. Posso afirmar que o conhecia muito bem e o admirava, principalmente pelo respeito ao seu público, pela determinação de fazer sempre o melhor e a perseverança. Mesmo nos momentos difíceis ele sempre acreditava que tudo ia dar certo.
Mestre Zinho respirava forró durante as 24 horas do dia. O forró era a sua vida. Ele me falava, que quando estava cantando, se sentia o homem mais feliz do mundo. A sua voz era um vozeirão. Cantava brincando e brincando cantava.
Finalizo essas poucas linhas, com muita alegria por ter sido amigo e parceiro do Mestre Zinho e ao mesmo tempo com uma profunda tristeza por ele não estar mais entre nós. Para mim, Mestre Zinho estará sempre vivo na minha memória e em todo o forró que exista messe mundo. A saudade é indescritível, mas fica o consolo de que ele, com certeza, esta fazendo forró no céu. Agradeço em nome de todos os forrozeiros, tudo de bom que Mestre Zinho fez em prol da música nordestina.
Janeiro de 2011
Eudes Tenório.