RODAS DE SÃO JOÃO
“Noite de São João, ontem como hoje, sem fogueiras e balões, sem fogos e adivinhas, sem canjica, pamonha ou milho assado nas brasas; São João, hoje sem o arrasta-pé ao som da harmônica como ontem sem o ritmo do coco e das rodas, não pode merecer bem o nome de São João”.
De fato, no complexo cultural do S. João nenhum destes elementos pode faltar no Nordeste. A maioria até não pode ser vista ou realizada em qualquer outra ocasião. As fogueiras e os balões, as adivinhações matrimoniais, as sortes e a culinária são-lhe elementos próprios e exclusivos. Só podem ser vistos no mês de Junho só podem realizar-se em honra aos santos desse mês de festas: S. Antônio, S. João e S. Pedro.
Contudo, um elemento importante as das festas juninas, tão indispensável quanto os outros, existe que não lhes é exclusivo: as danças.
São de qualquer época, momento, dia, festividade: Natal, festas de padroeiros, casamentos, batizados, aniversários. Mas a verdade é que, integrantes das festas de S. Joao, dão-lhe um cunho característico, quase lhes chegando a ser próprias e também exclusivas, sobretudo na sua variedade rural.
Théo Brandão – médico e folclorista.
Em Alagoas, um São João sem as velhas rodas e um bom “pagode”, sem uma boa sanfona “pé duro” ou um regional com cavaquinho, violão e clarinete, é como uma festa de Natal de Bebedouro no tempo do Bonifácio sem os cocos de visita, as “emboladas” do Chico Barbeiro, e a Torre da Praça de Santo Antônio.
Sobretudo as “rodas” que têm sido desde o século passado não somente danças infantis mas igualmente bailes de adultos, e bailes mais dançados e característicos, principalmente na época joanina.
Foram mesmo nas duas ultimas décadas do século passado, juntamente com o coco, as danças de salão usadas nas melhores casas de Maceió e seus arrabaldes, ou nas velhas casas-grandes dos engenhos, muito antes das mazurkas, polkas, schottischs, quadrilhas e lanceiros, e até preferentemente a estas últimas danças da estranja quando invadiram nessa época os salões elegantes dai os demais ambientes sociais do Estado.
Num romance documentário cuja ação se passa em parte nesta cidade de Maceió, no fim do século passado, há uma referência a estas danças regionais alagoanas:
Extraído do Livro de Théo Brandão.
O FOLCRORE DE ALAGOAS II
Paginas 117 a 123
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