O maior símbolo da cultura do forró no nosso estado é sem dúvida a gravadora Gogó da Ema, que quando se falava em 24 canais como bicho de sete cabeça, tínhamos um estúdio e que para a época era um sucesso. Não deve ter sido fácil adquirir esses equipamentos quando se falava de importação como coisa do outro mundo, pois equipamentos analógicos eram muito mais escassos que os digitais de hoje e não tinha de fabricação nacional e quando tinha, não prestava. Uma mesa de 24 canais, dessas que o Gogó da Ema possuía, tomava a metade da sala de um estúdio, hoje acomodamos um software em um computador que resolve tudo e se pifar vai-se até a esquina e se compra uma placa de ultima geração e resolve o problema ou então entra na Internet e com cinco dias está com o produto. No tempo em estamos falando para começo de conversa só se falava em produtos dessa natureza em São Paulo. Uma dificuldade.
Não podemos mensurar o esforço e o investimento que deve ter sido para instalar um estúdio de gravação em Maceió e transformá-lo no símbolo de resistência que foi em um Estado que pouco valoriza a cultura do forró, e como nordestinos, nossa maior identidade cultural.
Atrás desse trabalho abnegado em prol do forró, estava o proprietário do Gogó da Ema, Avelino Torres que não o conheci, mas não tenho dúvida que foi a figura mais obstinada nessa luta de manter viva essa chama em um período de difícil convivência com os meios de comunicação. Hoje as chamadas bandas de forró com seus jabás fabulosos tem as portas abertas e o tapete vermelho estendido em qualquer veículo de comunicação onde chegarem. No tempo deste baluarte, tinha que se levar o forró na boa vontade e eu acredito que ele fez muito isso, conduziu por gostar da arte já que era compositor e cantor e que a sua época era de vacas magras quando se falava de viver de música. Até mesmo grandes nomes viveram o ostracismo mercadológico. Por isso não posso imaginar que alguém vivesse de música em Alagoas ganhando muito dinheiro. Claro que não.
Em toda batalha há sobreviventes anônimos e que continuam com a bandeira de luta e assim caminham seus herdeiros levantando esta mesma bandeira, só que em terreno tão difícil quanto antes, pois a era digital facilitou tanto que o CD pirata virou praga e gravar também se grava em cada esquina, quase sempre se esquecendo do principal, o profissionalismo.
O site “Forró Alagoano” jamais poderia deixar de reconhecer o esforço desse guerreiro que foi Avelino Torres e de seus herdeiros que ainda continuam empenhando a bandeira de luta de resistência do forró.
Parabéns aos que fazem o Gogó da Ema.
Eraldo Cavalcante
2 comentários em “GOGÓ DA EMA, ALÉM DE UMA GRAVADORA, UM SÍMBOLO DE RESISTÊNCIA DO FORRÓ”
Gostei do comentário.
Gosto de Forró mas do Forró raiz ou Pé de Serra, não tenho nenhum disco dessas Bandas de Forró modernas tipo Calcinha Preta, Forró Muído etc.
É verdade. Forró mesmo é o que denominamos popularmente como pé de serra. Acho o vanerão gaucho bonito, seria uma agressão ao povo gaucho se de repepente um artista Gaucho tocasse um Xote e disse que estava tocando um vanerão, é isso que essa moçada esta fazendo, agredindo ao nosso forró.
Mais isso vai acabar, pois nossa juventude é inteligente. Se a ditadura e as elites preconceituosa não derrotou o forró imagine esse modismo, é passageiro.