É claro que o forró não é a única manifestação da cultura nordestina, mas sem dúvida o forró e suas matrizes, ou seja o baião, xote, xaxado, rojão, quadrilha e arrasta-pé, são conforme afirma o antropólogo paraibano Emanuel Braga, em matéria publicada no Jornal Casa do Patrimônio (2014, p.03):
” Importantes referências culturais relacionadas à musicalidade brasileira. São fundamentais para a construção da identidade nordestina e nacional, especialmente no tocante aos seus gêneros, ritmos e modos de dança, transmitidos por árias gerações desde o início do século XX.”
Além de sua sonoridade contagiante o forró tem desempenhado um relevante papel na luta dos nordestinos por dias melhores, pois através de suas letras, artistas como por exemplo, Luiz Gonzaga, no passado, e Flávio Leandro, nos dias de hoje, entre muitos outros, retratam e denunciam a realidade do nordeste, como uma região que no decorrer de sua história tem sofrido diversos dramas sociais, com os maiores índices de desnutrição, mortalidade infantil, analfabetismo, desemprego e muitos outros , por falta de políticas públicas comprometidas em solucionar problemas seculares, como a seca, e a situação de pobreza em que vivem milhões de pessoas no Nordeste brasileiro.
Entretanto, só a partir de Decreto nº 3551, em 2000, que institui o registro de bens culturais de natureza imaterial, teve início às primeiras ações de inventário e registro, tornando efetiva a orientação estabelecida no texto da Constituição Federal de 1988, que aponta a responsabilidade de todos e o apoio das instituições federais, estaduais e municipais na defesa e preservação do patrimônio cultural, e em 2004 tem-se o lançamento do Programa Nacional de Patrimônio Imaterial, que institucionaliza e disponibiliza recursos para a salvaguarda, apoio e fomento ao patrimônio imaterial.
Até 2010, mais de 20 manifestações culturais foram registradas, entre elas o frevo, em Pernambuco, o Ofício das Baianas de Acarajé, na Bahia, locais sagrados dos povos do Xingu, como patrimônio nacional, entre outros.
Portanto, a luta pelo registro do forró como patrimônio imaterial nacional e a salvaguarda de suas matrizes é extremamente importante, não apenas para os artistas que se dedicam a esse gênero musical, mas para todos os nordestinos, haja vista que a própria atividade de preservação do patrimônio, seja através de restauração, promoção, salvaguarda ou gestão dos bens culturais, gera dinâmica econômica e empregos diretos e indiretos, forma profissionais locais e abre diversas oportunidades de emprego e renda.
Em Alagoas, os forrozeiros, reunidos em torno de sua Associação, estão atentos a todo esse processo, participando dos encontros nacionais e também realizando, aqui em Alagoas, debates sobre essa temática., a exemplo do encontro com a caravana de forrozeiros da Paraíba, realizado no dia 10 de dezembro de 2017, no Espaço Cultural da Universidade Federal de Alagoas – UFAL.
Sendo assim, vamos a luta em prol dessa bandeira, em defesa do registro do forró como PATRIMÔNIO IMATERIAL DO BRASIL E PELA SALVAGUARDA DE SUAS MATRIZES.
Rosiane Pedrosa